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  Maldição da Múmia pode salvar do câncer

Escola Ctaf

Um Fungo considerado letal encontrado na tumba de Tutancamôn está no centro de descoberta científica revolucionária

Pesquisadores da Universidade da Pensilvânia descobriram que o Aspergillus flavus, supostamente responsável por mortes misteriosas de arqueólogos da expedição de descobrimento e escavação da tumba do Faraó Tutancamôn, do Egito, em 1922/23, produz moléculas com potencial para combater células cancerosas. O fungo, encontrado em tumbas seladas, libera esporos tóxicos que causam infecções respiratórias graves.

Os cientistas isolaram quatro compostos nunca antes descritos, batizados de “asperigimicinas”. Essas moléculas apresentam uma estrutura única de anéis entrelaçados e demonstraram capacidade de inibir o crescimento de células tumorais em testes laboratoriais. “Quase todos os peptídeos fúngicos encontrados até agora têm forte atividade biológica”, explicam os pesquisadores sobre a descoberta publicada na revista Nature.

O mecanismo de ação das asperigimicinas interfere na formação de microtúbulos, estruturas essenciais para a divisão celular. “Essa interrupção é específica para certos tipos de células, o que pode reduzir efeitos colaterais”, destacam os cientistas. A equipe também identificou como essas substâncias penetram nas células, superando um desafio comum no desenvolvimento de medicamentos.

 

Maldição

O A. flavus tem fama de vilão desde que arqueólogos liderados por Howard Carter abriram a câmara funerária do soberano egípcio Tutancâmon (1341 a 1323 a.C.), na década de 1920, e uma série de mortes misteriosas - 35 pessoas morreram, entre elas o próprio Carter - deu origem à lenda da "maldição do faraó".

Décadas mais tarde, deduziu-se que os esporos (amarelos, daí o epíteto latino "flavus") do microrganismo, latentes há milênios, poderiam ser os causadores.

A tragédia se repetiu na década de 1970, quando 12 cientistas penetraram na sepultura de Casimiro 4º da Polônia (1427-1492). Dentro de poucas semanas, dez deles morreram prematuramente. Análises posteriores revelaram a presença do fungo, cujas toxinas provocam infecções pulmonares.

A partir do atual estudo, porém, a reputação do Aspergillus flavus poderá mudar radicalmente. Sua potencial utilidade para a terapia do câncer se baseia numa classe de peptídios (moléculas compostas de dois ou mais aminoácidos) modificados.

 

Promissor

Experimentos adicionais indicaram que os componentes do fungo provavelmente interrompem o processo de reprodução celular. "As células cancerosas se dividem de modo descontrolado. Esses compostos bloqueiam a formação de microtúbulos, essenciais para a divisão celular", explica Gao.

O passo seguinte será testar as asperigimicinas em modelos animais, visando futuros ensaios clínicos em humanos.

 

História

A tumba do faraó Tutancâmon foi descoberta pelo arqueólogo britânico Howard Carter em 4 de novembro de 1922, no Vale dos Reis, no Egito. A descoberta, considerada uma das maiores da história da arqueologia, revelou um tesouro com mais de 5.000 objetos, incluindo a famosa máscara mortuária de ouro. A descoberta foi resultado de anos de escavações na região, lideradas por Carter com o apoio financeiro de Lord Carnarvon. A tumba continha um sarcófago com três caixões sobrepostos, sendo o último de ouro maciço, onde repousava a múmia do faraó.

As demais tumbas do Egito, descoberta antes e depois de Tutancamon, haviam sido saqueadas por ladrões de túmulos, ao longo de séculos, mas essa estava intacta. A abertura oficial da tumba ocorreu em 16 de fevereiro de 1923, e desde então, a descoberta tem fascinado o mundo com a riqueza e os segredos do Egito Antigo. A história da descoberta e os artefatos encontrados na tumba são um marco na arqueologia e continuam a ser estudados até hoje.

A múmia do faraó é a única de um regente egípcio que ainda está na sepultura original no Vale dos Reis.




Publicada em 05/09/2025 por Revista Diretor Funerário (Ctaf)